quarta-feira, 20 de junho de 2007

Balanço final

Segunda etapa da Caravana UBES em Defesa do Passe Estudantil termina com um balanço positivo, atingindo três mil e quinhentos estudantes em dez estados do país


"Vem, vamos embora que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer". A célebre frase de Geraldo Vandré foi repetida tantas vezes ao longo da Caravana que se tornou quase um mantra – e não poderia existir mantra melhor. Numa sexta-feira quente, em São Paulo, embarcaram num ônibus doze pessoas com cabeças e formações diferentes para uma jornada que, sem dúvida, mudaria o resto de suas vidas. Tudo o que sabíamos era que percorreríamos o Nordeste e, de alguma maneira, chegaríamos ao Centro-oeste e, depois, no Sudeste. Mas não tínhamos a dimensão exata do que viveríamos nos 28 dias decorrentes.

Um projeto tão grandioso merecia uma causa nobre. A luta pelo passe livre estudantil é fundamental para garantir o acesso e a permanência dos estudantes na escola. Nos últimos anos, o preço das passagens aumentou o equivalente ao dobro da inflação – e o reajuste do salário mínimo não acompanhou a taxa. Cada família brasileira tem, em média, três filhos – dá para imaginar, então, o custo que o preço das passagens representa no bolso do trabalhador, que acaba sem ter como custear a passagem dos filhos e engrossa a triste estatística da evasão escolar.


E é mais triste ainda porque na maioria do país nem o poder público, muito menos os empresários de transportes, vêem a causa por esse lado. Como o presidente da UBES, Thiago Franco, disse em um discurso inflamado em uma atividade em Recife: "Eles não querem que as pessoas estudem, se esclareçam. Porque quem estuda tem maiores condições de lutar por seus direitos". Por isso, apesar de todas as dificuldades, a Caravana saiu do papel, cumpriu uma proveitosa primeira etapa e completa agora a segunda, cansada, mas triunfante.

Os melhores...

Entre os quase quinze mil quilômetros percorridos, cruzamos onze estados; apresentamos o passe livre a três mil e quinhentos estudantes; promovemos vinte e um debates e dezessete apresentações teatrais. E mais: entregamos um modelo de projeto de lei do passe livre, elaborado pela UBES, a treze autoridades políticas entre governadores, prefeitos, secretários de estado, deputados e vereadores. "O saldo foi extremamente positivo. A gente atingiu estudantes de todo o país, e conseguiu permear o debate na institucionalidade", diz Thiago Mayworm, diretor de Esportes da UBES e coordenador da Caravana.


A Caravana também cumpriu um importante papel de mostrar aos alunos que o movimento estudantil está cada dia mais fortalecido. Para reafirmar isso, a UBES foi até os estudantes explicar suas lutas e tentar plantar em suas cabeças uma semente de revolução. E despertou: o interesse dos estudantes e a participação nos debates mostraram que a Caravana cumpriu o seu papel, e podia deixar a cidade tranqüila de que os jovens e as entidades locais seguiriam com a luta.


O fortalecimento do movimento estudantil, promovido pela Caravana, é uma via de mão dupla. Além de dar uma grande visibilidade para as entidades locais, a UBES também ganhou muito com essa história. "Apesar de sermos uma entidade nacional, não conseguimos atingir todo país, até por falta de verba. Com a Caravana, conseguimos conhecer profundamente a realidade de cada localidade e, assim, enxergar melhor a realidade nacional", reflete Marcos Santos, 1º Diretor de Relações Internacionais de UBES e elemento constitutivo da jornada. Fato é que todos que estavam ali, de certa maneira, aprenderam pessoalmente e profissionalmente.


Para o grupo TeatrAtividade, que passou por poucas e boas durante a jornada, até os momentos de perrengue valeram a pena – o coordenador Cláudio Juarez diz que todo mundo evoluiu durante a viagem. "É impressionante o aprendizado do grupo, em cada apresentação, com cada platéia". Os atores que o digam – em uma das últimas apresentações, em Maracanaú, eles tiveram até que dar autógrafo.


...e os piores momentos

Claro que, em um mês de estrada, convivendo com pessoas estranhas, surgiram picuinhas e brigões que, no fim das contas, acabam virando histórias engraçadas. A maioria da tripulação do ônibus não se conhecia e, até o primeiro momento de perrengue – quando o ônibus quebrou por 20 horas em Minas Gerais – teve seu lado bom, porque foi ali que conhecemos uns aos outros.


Um dos maiores problemas, para Thiago, coordenador da Caravana, foi a falta de organização de algumas entidades locais ao prepararem as atividades. Outra dificuldade, claro, era a financeira. O coordenador tinha que rebolar para garantir comida e estadia para a exigente tripulação. Mas Marcos Santos, o único que esteve também na primeira fase da Caravana, enxerga com nitidez os avanços do projeto: "Na primeira não tínhamos experiência. Fizemos viagens muito longas, que traziam um desconforto enorme. Desta vez, houve mais planejamento, não repetimos os mesmos erros", conta. O Diretor lamenta, apenas, a falta da participação de todos os grupos do movimento estudantil. "Para mim, o que constrói a convergência são as divergências. Eu acho que o debate político poderia ser mais amplo", reflete.


E a música de Vandré, repetida exaustivamente nas apresentações do TeatrAtividade, mais uma vez fazia sentido: "quem sabe faz a hora, não espera acontecer". Não esperamos mesmo: para garantir que estivéssemos no horário nas atividades, ficávamos sem dormir, sem comer e sem tomar banho. Ficávamos mal humorados, capengas, cansados, claro – mas tranqüilos, porque tudo aquilo estava valendo muito a pena. E valeu tanto que a UBES planeja uma nova edição da Caravana no segundo semestre, que percorrerá o sul do país. E lembrando que a entidade "não vai arredar o pé enquanto não conquistar o passe livre", como Marcos diz nos discursos, e que "um sonho sonhado junto é realidade", como Thiago finaliza suas exposições, a segunda fase da Caravana termina torcendo para que chegue logo a terceira.

Confira como foram os vinte e oito dias de Caravana nos posts abaixo. A jornada acabou e as postagens também; mas o blog ficará disponível para consultas e comentários. Acompanhe o site da UBES para saber quando haverá a próxima Caravana

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Betim



A última atividade da Caravana rolou em Betim, no dia 8. Betânia Souto, presidente da UMES de Betim, foi a responsável por articular a atividade na Escola Estadual Tito Lívio de Souza. Da entidade musicipal, além dela, participou da atividade a diretora Priscila Figueiredo. Para completar o time de discussões, estava o Prof. Juca, diretor da escola, Thiago Ferreira, do grêmio, e Thiago Mayworm e Marcos Santos, os diretores da UBES que constituem a Caravana.

Depois de apresentada a Caravana e seus porquês, Thiago e Marcos falaram sobre o histórico do passe livre e reiteraram o direito que todo estudante tem de ir e vir, de graça. O diretor da escola perguntou se já existe passe livre em algum lugar. "Já tem sim, diretor, no Rio de Janeiro e em várias cidades pelo país, onde os estudantes lutaram", respondeu Thiago. A atividade terminou e, ao mesmo tempo, encerrou uma etapa histórica do movimento estudantil.

terça-feira, 12 de junho de 2007

TeatrAtividade

Em todas as atividades promovidas pela Caravana, o grupo de teatro curitibano TeatrAtividade faz o público rir e cantar com a esquete sorbe o passe livre. Com dez minutos de duração, coordenada pelo professor de teatro Cláudio Juarez, a esquete traduz de maneira lúdica e bem humorada as dificuldades que os estudantes enfrentam no transporte público. Para uma platéia de mil ou de dez pessoas, na Bahia ou em Brasília, os atores Elieser, Vagner, Michele, Karina e Daiane fizeram bonito em todas as apresentações.

Em Recife, foi gravada (em câmera de celular) grande parte da esquete. Assista:



Saiba mais sobre o grupo: www.teatratividade.net

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Brasília: um passo para o passe livre

Público assiste a apresentação do TeatrAtividade, responsável por abrir as discussões

Chegamos em Brasília segunda-feira de manhãzinha, e fomos direto ao ponto: o Centro Educacional 01 do Cruzeiro. No auditório lotado, falaram ao público os dirigentes da UBES da Caravana, Thiago Mayworm e Marcos Santos, Felipe, vice-presidente regional da UBES, e o Deputado Paulo Tadeu, responsável pela apresentação e aprovação do projeto de lei do passe livre na Câmara. O evento ainda teve a presença ilustra da equipe da TV Câmara, que acompanhou o dia da Caravana para colher material para um documentário sobre o movimento estudantil secundarista.

Thiago Mayworm discursa, acompanhado pela equipe da TV Câmara

No Distrito Federal, a situação dos transportes públicos é delicada. Foi unânime, entre os presentes na mesa, que o transporte de Brasília "é o pior do país" - mas, ao mesmo tempo, a cidade está perto de garantir a passagem gratuita aos estudantes. A história é a seguinte: o Deputado Paulo Tadeu teve seu projeto de lei do passe livre aprovado na Câmara; mas então governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, vetou a lei. O veto, então, foi derrubado por pressões de deputados e estudantes; mas Roriz, mais uma vez, entrou com uma ação de inconstitucionalidade no Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Agora, o passe livre está nas mãos de um desembargador, que julgará a lei. Se ele a considerar constitucional, o direito entra em vigor.

Os diretores da UBES, Thiago e Marcos, lembraram aos presentes o histórico de lutas pelo passe livre, e mostraram que há várias cidades no país em que os estudantes já têm o direito. Falaram também que é preciso garantir o acesso não só à educação, mas também à cultura, ao lazer e ao esporte. O passe livre deve ser integral e irrestrito. Por fim, lembraram a trajetória de conquistas do movimento estudantil e convocaram os estudantes para uma mobilização.

Paulo Tadeu (foto a dir.) disse que a presença da Caravana, nesse contexto, é fundamental para garantir a unidade entre os estudantes. "Eu gostaria que essa luta se estendesse para vários colégios. Quem garantiu a aprovação do passe livre na Câmara foram os estudantes, e confio nessa unidade de luta que está sendo construída a partir da Caravana", disse, em discurso.

Felipe, vice-presidente regional da UBES, convocou os estudantes para uma mobilização no próximo dia 29 de junho. A concentração será em frente ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal, local onde ocorrerá a decisão do desembargador responsável por julgar a constitucionalidade do passe livre.

Depois de Brasília, a Caravana cruza o cerrado e vai até Minas Gerais, onde realiza atividades em BH, Betim, Contagem e Juiz de Fora.

Muito chão

Asfalto precário na Transpiauí

Quase 3 mil quilômetros separam o último destino nordestino - Fortaleza - à Brasília, local da atividade de segunda-feira. Saímos da capital cearense no sábado, meio dia, e enfrentamos quarenta horas de estrada. Apesar da relevante melhora nas estradas brasileiras - até então, só havíamos pegado estradas sdatisfatórias - desta vez, foi diferente. Muitos buracos, estradas de terra, perigo de assaltos... esse foi o roteiro básico da viagem. Mas houve momentos bons também - paisagens lindas do sertão nordestino, pôr-do-sol, céu estrelado.

Pôr do sol, em algum lugar do Piauí

O trecho crítico foi a divisa entre Piauí e Bahia, na BR-135. Era domingo a noite, e quando o ônibus cruzou a fronteira e entrou na Bahia, a surpresa: estrada de terra. Confiram um trecho da viagem:


sábado, 2 de junho de 2007

Emoções em Maracanaú

Saindo de Fortaleza, fomos à Maracanaú, na região metropolitana. O dia estava quente, a equipe esgotada e os ânimos lá embaixo. Não imaginávamos que, naquela cidade, no Liceu de Maracanaú, teríamos uma das melhores recepções de toda a caravana. A atividade começou no pátio, na hora do intervalo. A escola parou para ver o TeatrAtividade se apresentar:


Quando a apresentação acabou, foram quase cinco minutos de palmas. Vagner, Michele, Karina, Daiane e Elieser, os atores, deram até autórafos e foram quase intimados a fazer outra apresentação - desta vez, dentro do auditório, depois do debate.

O diretor do colégio, Máximo, disse que era uma honra receber "jovens tão empreendedores". "É uma satifação participar deste evento de dimensão nacional. Fico muito feliz do Liceu ter sido o colégio escolhido para isso", disse. Na mesa de debates, estavam presentes Vitor Hugo, presidente da União dos Estudantes de Maracanaú, seu companheiro de entidade Anderson Rafael, Arquimedes, presidente da União dos Estudantes de Fortaleza, além de André, Mário, Thiago Mayworm, Marcos Santos e Michele Bressan, da UBES. O público era extenso - além dos estudantes do Liceu, havia também secundaristas dos colégios Eloy Brandão e Flávio Pontes.

Michele foi a primeira da entidade a falar, e disse que cada um ali tinha um papel fundamental na construção da luta pelo passe livre estudantil. André, primeiro tesoureiro da UBES e morador de Fortaleza, falou do contexto local -a conquista da meia em Fortaleza e os preços abusivos nas passagens intermunicipais, em que não há nem meia-passagem. Depois, Thiago e Marcos, da Caravana, explicaram por quê estão percorrendo o país para lutar pelo passe livre - e deixaram claro que o mais importante ali era semear a idéia e fomentar a luta local.

Assim como na atividade em Fortaleza, em Maracanaú os estudantes bombardearam a mesa de perguntas. Séfora, uma das questionadoras, perguntou como é que eles podem se envolver mais na política e garantir, pelo menos, que a meia-passagem chegue à região metropolitana. Mário(foto), o cearense da mesa, respondeu: "nenhum parlamentar vai vir aqui e falar 'olha, tá aqui sua meia macrorregional'. A gente tem que ir para a rua, tem que pressionar os políticos, tem que garantir uma emenda".

Vitor Hugo, presidente da entidade municipal, disse que a cidade já entrou na campanha. "A UBES vai passar e a União dos Estudantes de Maracanaú vai ficar para reproduzir essa campanha". O debate terminou com mais uma apresentação do TeatrAtividade, mais uma vez ovacionada pelos estudantes presentes.

Saindo do Liceu, a Caravana foi direto à Prefeitura de Maracanaú, entrear o projeto de lei do passe livre. O prefeito, Roberto Pessoa, participava de um evento do lançamento do PAE - Programa de Autonomia Escolar - e, por isso, o auditório estava cheio de professores e profissionais da educação no local. Thiago Mayworm foi convidado para subir à mesa, e falou sobre a UBES, falou sobre as políticas educacionais do governo federal e parabenizou o prefeito por adotar uma política de reserva de vagas para estudantes de escolas públicas. No final, entregou o projeto de lei e posou para a foto:

Maracanaú foi a despedida nordestina da Caravana. Depois do Ceará, o ônibus corta o sertão e chega ao cerrado, onde promove atividades em Brasília na segunda-feira.

Fortaleza: grito pelo passe livre no Liceu do Ceará


Saímos de Natal no final da tarde e chegamos em Fortaleza no começo da madrugada de sexta. Bem cansada, a equipe acordou cedo, se perdeu e chegou às 10h no tradicional colégio Liceu do Ceará, onde a atividade estava programada. Cerca de duzentos estudantes já estavam no auditório e a atividade contou com a presença de André Souza e Mario Gustavo, diretores da UBES, Arquimedes, presidente da Unefort (União dos Estudantes de Fortaleza) e também da vice-presidente da UBES, Michele Bressan.

Em Fortaleza, o movimento estudantil conseguiu uma importante conquista: a meia-passagem ilimitada. Enquanto a maioria das cidades que têm meia restringem o benefício apenas para o trajeto de ir e vir da escola, Fortaleza parmitiu que seus estudantes pagassem meia em qualquer percurso. Os diretores da UBES reconheceram o avanço do poder público, mas deixaram claro aos alunos de que é preciso ir além. "A meia-passaem não é um favor dos empresários, é um dever. E, mesmo assim, a maioria das famílias brasileiras têm mais de três filhos, e mesmo a meia-passagem fica cara", disse o diretor da UBES Thiago Mayworm. Marcos Santos disse que é preciso que os estudantes se mobilizem para garantir que o direito se estenda até a passagem gratuita para os estudantes.

Muito interessados pela questão, os estudantes do Liceu disutaram os microfones na hora das perguntas. Perguntaram como podem colaborar para a luta, questionaram sobre as passagens intermuicipais e, no final, enquanto posaram para a foto, cantaram em coro com a UBES o grito de guerra do passe livre:

Natal: atividade no Machadão

Thiago Mayworm cumprimenta a mesa

Semana acelerada para a Caravana da UBES. Desde segunda-feira, a Caravana já percorreu Alagoas, Pernambuco e Paraíba; nesta quinta, o ônibus parou para o penúltimo estado nordestino a ser visitado: o Rio Grande do Norte. A equipe fixa da Caravana foi acompanhada de dois companheiros da Paraíba, Betinho e Rildean, que acompanharam a gente até o próximo destino. Chegamos em Natal durante a madrugada, depois de uma intranqüila noite de sono na estrada. O calendário apertado e a falta de sono deixam a equipe bem cansada – mas não tem cansaço nenhum que pare ou prejudique a caravana.



Quando entramos no pátio da E.E. “Machadão”, e foi recebida com uma estrutura montada e uma faixa de saudação do SINTE (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública), o cansaço sumiu e as carinhas dos alunos presentes nos lembraram do motivo maior de estar ali: falar do passe livre e tentar, de alguma maneira, mobilizar os estudantes a lutarem por seus direitos.

O diretor da escola, Tadeu Araújo, foi quem abriu as portas para a Caravana. Há algum tempo ele tenta mobilizar os alunos do colégio a construírem um grêmio. Quando subiu aos microfones, Tadeu lembrou aos presentes da importância da representação estudantil na construção de uma democracia, e falou também que a passagem da caravana pelo colégio foi um “exercício de cidadania”. “O processo de aprendizado passa pela passagem, pelo acesso à passagem. E a conquista do passe livre só vai acontecer com a participação de todos”, disse aos estudantes.



Ítalo e Cesinha, da APES (Associação Potiguar dos Estudantes Secundaristas) falaram aos alunos sobre o contexto local na questão do passe livre. Há três dias, a passagem intermunicipal subiu 9% - chegou a R$ 2,50. Nas linhas municipais, o valor é R$ 1,60. Anselmo, do SINTE-RN, presente na mesa, disse que acompanha estudantes que vão a pé ao colégio para economizar – dá para imaginar, então, os que deixam de ir por morarem muito longe.



Estudantes assistem a apresentação teatral


Thiago Mayworm e Marcos Santos falaram sobre o histórico da luta pelo passe livre e explicaram aos alunos como fazer uma mobilização. “O importante é vocês levarem esse debate a outro colegas, é disseminar a idéia”, disse Marcos. A UBES deu o pontapé e passou para a APES o bastão de articular a luta no Machadão e nos colégios do Rio Grande do Norte. O debate acabou com os estudantes em coro cantando o grito de guerra do passe livre: “boi, boi, boi, boi da cara preta, se não tem passe livre a gente pula a roleta”.

Direto da atividade, a Caravana pegou a estrada rumo à ultima parada nordestina: Fortaleza.


O forró da Paraíba


Menos de um dia na Paraíba - mas saímos de João Pessoa com uma ótima impressão do lugar. Prédios baixos, cidade pacata e simpática - e o forró tradicional, de Gonzagão, que toca em todo canto. Na saída do Cefet, havia uma feira e um dos estandes era de um sanfoneiro, que vendeu mil DVDs só naquele dia. Eis o cara:

João Pessoa: agenda cheia

Quase quatro mil quilômetros percorridos e a caravana da UBES chegou a João Pessoa (PB) para um rápida, mas proveitosa, estadia. Os paraibanos da AESP (Associação dos Estudantes Secundaristas da Paraíba) foram os responsáveis pela extensa lista de atividades, que começou na Câmara Municipal de João Pessoa, passou pela Assembléia Legislativa da Paraíba, fez uma atividade com debate e apresentação teatral no CEFET-PB e terminou na Prefeitura Municipal de João Pessoa, em uma reunião com o prefeito Ricardo Coutinho. Em um estado em que, no ano passado, um acidente matou 18 estudantes que iam à escola de pau-de-arara, a Caravana da UBES teve um papel fundamental.


Thiago, André da AESP, Watteau e Marcos

Logo pela manhã – após pegar a estrada e chegar de Recife – a equipe foi direto à Câmara, em um encontro com o vereador Watteau Rodrigues. O parlamentar recebeu o projeto do passe livre e declarou total apoio à causa – e foi ele quem, mais tarde, possibilitou os proveitosos encontros com autoridades paraibanas. “A gente sabe que na luta pelo passe livre estamos mexendo com peixes grandes, que têm representação entre os políticos. Então, é muito importante para os estudantes do nosso país terem representantes como você”, disse Thiago Mayworm, coordenador da Caravana, ao vereador.



A seguir, seguimos para a Assembléia Legislativa da Paraíba. O destino era o gabinete da Deputada Estadual Nadja Palitot, que há algum tempo atua no setor de transportes públicos. Nadja recebeu a Caravana com entusiasmo e aproveitou o ensejo para fazer críticas à Prefeitura, ao governo do Estado e aos próprios parlamentares da Paraíba. “O transporte coletivo de João Pessoa não passa por um processo de licitação”, denunciou. Nadja disse também que a luta pelo passe livre em João Pessoa “vai ser das mais difíceis”. “Os empresários de transporte público daqui têm um poder de jogo muito grande. Eles promovem festas, prêmios, têm contatos com órgãos da imprensa”, disse ela. Nadja deu apoio à luta da UBES e se despediu com a promessa de representar o interesse dos estudantes em seu estado.




Watteau, Nadja, Marcos, Thiago e André

À tarde, a Caravana foi se encontrar com os estudantes no CEFET. Cerca de 200 pessoas se concentraram no auditório e assistiram os diretores da UBES Marcos Santos e Thiago Mayworm falando sobre o direito dos estudantes de ir e vir da escola, do teatro, do museu, de onde quiserem, de graça. Na Paraíba, muitos estudantes saem da zona rural à cidade para ir à escola. Eles têm direito a uma cota de 100 passagens por mês – a R$ 0,80 cada. Em uma família grande, dá para imaginar o gasto mensal que isso significa. Depois das exposições, o pessoal do TeatrAtividade botou o público para rir e cantar e, no final, a professora Zoraida Arruda, presente no evento, terminou a atividade dizendo que aquele ato ficaria “para história do Cefet”.



Pose para a foto no auditório do Cefet

No final do dia, em companhia do vereador Watteau, a Caravana estacionou em frente à prefeitura de João Pessoa. O motivo: uma conversa com o prefeito Ricardo Coutinho para discutir passe livre estudantil. O pessoal da UBES e da AESP apresentou a Caravana e os porquês de estarem percorrendo o país para discutir passe livre. “Nós sabemos, e existem dados que comprovam isso, que 30% dos estudantes deixam de ir à escola por não terem dinheiro para as passagens”, disse Marcos Santos. Ele falou também dos lucros dos empresários, e cutucou o prefeito sobre as concessões. Coutinho, por sua vez, respondeu que sua gestão têm feito avanços importantes no setor de transportes – como uma maior fiscalização das carteiras estudantis e implantação do sistema de bilhetagem eletrônica, que beneficiaria “os estudantes de verdade, que precisam pagar meia”. Thiago Mayworm disse que compreende que a meia passagem é uma avanço, mas que “o salário mínimo não acompanhou o aumento das passagens”.

Coutinho afirmou que, se houvesse passe livre estudantil, quem arcaria com o ônus das passagens seria o trabalhador que paga a passagem – e Marcos Santos retrucou, afirmando que no próprio projeto de lei da UBES há alternativas de financiamento para o passe livre, como a publicidade nos ônibus e a redução dos lucros dos empresários. O prefeito reconheceu que a maior questão em jogo é o financiamento da passagem estudantil. No final, houve um consenso de que é necessária a criação de uma comissão, composta por empresários, técnicos, prefeitura e estudantes para discutir o transporte público local. O prefeito também recebeu, das mãos dos dirigentes da UBES, o projeto de lei do passe livre.

O longo dia de atividades terminou ali, com um aperto de mão entre os representantes do movimento estudantil e o prefeito, e a certeza de que a Caravana foi só o começo da luta pelo passe livre na Paraíba. Depois de um jantar na beira da praia, o ônibus partiu para Natal (RN), onde a UBES e as entidades locais promoveram atividades na quinta (1).

Lembranças de Recife

Pôr do Sol em Boa Viagem
Pôr do Sol em Boa Viagem

Escola de Direito do Recife
Homenagem aos mártires políticos, na beira do Capibaribe

Homenagem à polícia, mesmo local
Rio Capibaribe

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Em Recife: encontros com governador, prefeita de Olinda e até Juninho Pernambucano

Estudantes e militantes após atividade na E. E. José Vicente Barbosa

Em Recife, terça feira cheia de atividades para a Caravana da UBES pelo passe livre. O presidente da entidade, Thiago Franco, chegou de madrugada especialmente para participar dos eventos. Foram duas atividades em colégio, pela manhã na Escola Estadual Joaquim Távora e a noite, na E. E. josé vicente Barbosa. à tarde, os dirigentes da UBES e da UMES, União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas, deram o seu alô à prefeita de Olinda, Luciana Santos, ao Governador do Estado, Eduardo Campos, e até a Juninho Pernambucano, que estava presente no evento no Palácio do Governo.



As atividades nos dois colégios reuniram mais de 600 pessoas. Em Recife, a passagem custa R$ 1,60 – valor considerado muito alto pelos alunos. “Tem vezes que não temos passagem para ir à escola”, conta o estudante Linaldo Ferreira da Silva. Os dois debates começaram com a apresentação cultural da esquete do TearAtividade sobre o passe livre. Em ambas as atividades, dirigentes da UMES, União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas, falaram aos estudantes sobre a importância daquele momento – e eles assistiram, interessados, porque é que o passe livre é direito deles. Os diretores da UBES presentes na Caravana, Thiago Mayworm e Marcos Santos, falaram sobre o passe livre e o porquê da caravana.




Bagunça na E. E. Joaquim Távora




O presidente da UBES, Thiago Franco, destacou o fato de que o salário mínimo não acompanha o aumento do preço das passagens. Falou também que, hoje, o preço das passagens é um dos maiores motivos da evasão escolar e provocou: “eles não querem que as pessoas estudem, se esclareçam. Porque quem estuda tem maiores condições de lutar por seus direitos”. A estudante Paula Andréa, presidente do grêmio, convocou os estudantes à luta, lembrando a eles sobre o passe livre no Rio de Janeiro. “Se no Rio eles conseguiram, porque aqui em Recife a gente não consegue? Vocês podem ter certeza, eles não ficaram sentados olhando o céu esperando, eles foram à luta”, disse ela, em um discurso inflamado.



As atividades foram intercaladas pela passagem da Caravana pelo Palácio das Princesas, do governo estadual. Estavam lá o Governador de Pernambuco, Eduardo Campos, o prefeito em exercício de Recife, Luciano Siqueira e a prefeita de Olinda, Luciana Santos. Os três receberam muito bem a equipe da UBES e os representantes do movimento estudantil pernambucano. Os três receberam e assinaram o PL do Passe Livre, e posaram para as fotos históricas com os representantes do movimento estudantil.

Representantes da UMES e UBES entregam PL do Passe Livre à Luciana Santos...

... ao governador do estado...

E posaram para uma foto com Juninho Pernambucano.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Maceió: UBES participa de sessão sobre o Fundeb



Secretário Estadual de Educação, Marcos Santos, Judson Cabral, Fátim Bezerra, Thiago Mayworm e Alberto Sextafeira

Depois de rodar três mil quilômetros, passar por Guarulhos, Salvador, Camaçari e Aracaju, a Caravana UBES chegou a Maceió com uma missão especial: participar de uma mesa sobre o Fundeb na Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas. Com o auditório lotado de prefeitos, vereadores, deputados e profissionais da educação, os diretores da UBES Marcos Santos e Thiago Mayorm fizeram bonito falando sobre educação e, claro, sobre passe livre.

O evento, proposto pelo deputado Judson Cabral, começou com as tristes estatísticas do estado de Alagoas, recolhidos durante o recadastramento de títulos eleitorais: 75% da população do estado é analfabeta ou tem primeiro grau incompleto. "Objetivo desta sessão é iniciar o debate sobre o Fundeb, e fazer com que a partir dele outros debates sejam encadeados", disse Judson.

O Fundeb entrou em vigor em 2007, após passar por anos de negociações e receber mais de duzentas emendas. O Fundo recolherá recursos públicos para a melhoria da educação – e aí se incluem creches, ensino fundamental e médio - e redistribuí-los entre os municípios, em um número proporcional aos alunos matriculados da localidade. "O Fundeb é um avanço histórico para a educação do nosso país", disse Thiago Maworm durante seu discurso. A Deputada Federal Fátima Bezerra, relatora do projeto de lei, esteve presente e falou sobre questões polêmicas sobre o projeto, como a participação de instituições de ensino privadas, a municipalização das verbas e da fiscalização do destino dos recursos. Fátima falou também de uma conquista importante do movimento estudantil: para fiscalizar o Fundeb, haverá um conselho com a participação de professores, sociedade civil e dois estudantes – um deles, da UBES.

Após a exposição dos convidads, a UBES pegou o microfone e falou a que veio. "Nós estamos percorrendo o país inteiro para lutar pelo passe livre estudantil", disse Marcos Santos, "e entendemos que a educação não é só ir à escola, mas é também ter acesso à cultura". O auditório, formado principalmente por educadores, veio abaixo. Pouco discutida durante o evento, a questão do passe livre foi tratada pela UBES e apoiada pelos presentes na sessão.

No final do evento, os diretores da UBES foram parabenizados pelos políticos locais. Marcos e Thiago aproveitaram também e entregaram o projeto de lei do passe livre aos presentes – Judson Cabral, Fátima Bezerra e ao presidente da sessão, Dep. Alberto Sextafeira.

A Caravana da UBES fica em Maceió até domingo. A partir de segunda, estaremos em Recife, Olinda e Cabo, promovendo atividades nas escolas locais.