sábado, 2 de junho de 2007

João Pessoa: agenda cheia

Quase quatro mil quilômetros percorridos e a caravana da UBES chegou a João Pessoa (PB) para um rápida, mas proveitosa, estadia. Os paraibanos da AESP (Associação dos Estudantes Secundaristas da Paraíba) foram os responsáveis pela extensa lista de atividades, que começou na Câmara Municipal de João Pessoa, passou pela Assembléia Legislativa da Paraíba, fez uma atividade com debate e apresentação teatral no CEFET-PB e terminou na Prefeitura Municipal de João Pessoa, em uma reunião com o prefeito Ricardo Coutinho. Em um estado em que, no ano passado, um acidente matou 18 estudantes que iam à escola de pau-de-arara, a Caravana da UBES teve um papel fundamental.


Thiago, André da AESP, Watteau e Marcos

Logo pela manhã – após pegar a estrada e chegar de Recife – a equipe foi direto à Câmara, em um encontro com o vereador Watteau Rodrigues. O parlamentar recebeu o projeto do passe livre e declarou total apoio à causa – e foi ele quem, mais tarde, possibilitou os proveitosos encontros com autoridades paraibanas. “A gente sabe que na luta pelo passe livre estamos mexendo com peixes grandes, que têm representação entre os políticos. Então, é muito importante para os estudantes do nosso país terem representantes como você”, disse Thiago Mayworm, coordenador da Caravana, ao vereador.



A seguir, seguimos para a Assembléia Legislativa da Paraíba. O destino era o gabinete da Deputada Estadual Nadja Palitot, que há algum tempo atua no setor de transportes públicos. Nadja recebeu a Caravana com entusiasmo e aproveitou o ensejo para fazer críticas à Prefeitura, ao governo do Estado e aos próprios parlamentares da Paraíba. “O transporte coletivo de João Pessoa não passa por um processo de licitação”, denunciou. Nadja disse também que a luta pelo passe livre em João Pessoa “vai ser das mais difíceis”. “Os empresários de transporte público daqui têm um poder de jogo muito grande. Eles promovem festas, prêmios, têm contatos com órgãos da imprensa”, disse ela. Nadja deu apoio à luta da UBES e se despediu com a promessa de representar o interesse dos estudantes em seu estado.




Watteau, Nadja, Marcos, Thiago e André

À tarde, a Caravana foi se encontrar com os estudantes no CEFET. Cerca de 200 pessoas se concentraram no auditório e assistiram os diretores da UBES Marcos Santos e Thiago Mayworm falando sobre o direito dos estudantes de ir e vir da escola, do teatro, do museu, de onde quiserem, de graça. Na Paraíba, muitos estudantes saem da zona rural à cidade para ir à escola. Eles têm direito a uma cota de 100 passagens por mês – a R$ 0,80 cada. Em uma família grande, dá para imaginar o gasto mensal que isso significa. Depois das exposições, o pessoal do TeatrAtividade botou o público para rir e cantar e, no final, a professora Zoraida Arruda, presente no evento, terminou a atividade dizendo que aquele ato ficaria “para história do Cefet”.



Pose para a foto no auditório do Cefet

No final do dia, em companhia do vereador Watteau, a Caravana estacionou em frente à prefeitura de João Pessoa. O motivo: uma conversa com o prefeito Ricardo Coutinho para discutir passe livre estudantil. O pessoal da UBES e da AESP apresentou a Caravana e os porquês de estarem percorrendo o país para discutir passe livre. “Nós sabemos, e existem dados que comprovam isso, que 30% dos estudantes deixam de ir à escola por não terem dinheiro para as passagens”, disse Marcos Santos. Ele falou também dos lucros dos empresários, e cutucou o prefeito sobre as concessões. Coutinho, por sua vez, respondeu que sua gestão têm feito avanços importantes no setor de transportes – como uma maior fiscalização das carteiras estudantis e implantação do sistema de bilhetagem eletrônica, que beneficiaria “os estudantes de verdade, que precisam pagar meia”. Thiago Mayworm disse que compreende que a meia passagem é uma avanço, mas que “o salário mínimo não acompanhou o aumento das passagens”.

Coutinho afirmou que, se houvesse passe livre estudantil, quem arcaria com o ônus das passagens seria o trabalhador que paga a passagem – e Marcos Santos retrucou, afirmando que no próprio projeto de lei da UBES há alternativas de financiamento para o passe livre, como a publicidade nos ônibus e a redução dos lucros dos empresários. O prefeito reconheceu que a maior questão em jogo é o financiamento da passagem estudantil. No final, houve um consenso de que é necessária a criação de uma comissão, composta por empresários, técnicos, prefeitura e estudantes para discutir o transporte público local. O prefeito também recebeu, das mãos dos dirigentes da UBES, o projeto de lei do passe livre.

O longo dia de atividades terminou ali, com um aperto de mão entre os representantes do movimento estudantil e o prefeito, e a certeza de que a Caravana foi só o começo da luta pelo passe livre na Paraíba. Depois de um jantar na beira da praia, o ônibus partiu para Natal (RN), onde a UBES e as entidades locais promoveram atividades na quinta (1).

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